segunda-feira, 2 de abril de 2012

Marigot, Saint Martin, 02-04-2012

Este post é curto como a minha má disposição — prometo não a fazer durar muito.

Ontem dei um passeio por Saint Martin num Toyota Yaris semi-automático alugado que me fez confirmar o quanto gostei de Antígua. Por um lado, Antígua não é uma ilha linda cravejada de cartazes publicitários e ofertas comerciais visualmente poluentes, é só uma ilha linda (embora não sumptuosamente linda); por outro, passei lá um mês e meio sem ninguém me dizer para não sair à noite sozinha, com a porta de casa aberta e tudo o que tinha lá dentro, abandonando muitas vezes computadores, telemóveis e máquinas fotográficas em mesas de cafés por mais de 10 minutos sem que ninguém lhes tocasse.

Parei, às três da tarde, num sítio bonito chamado Baie Lucas, uma baía com várias ilhas em frente, até às quais é possível caminhar com a água pelos joelhos. Saí do carro meio contrariada — estava a adorar conduzi-lo, mas achei que a paisagem merecia umas fotos —, que tranquei, e demorei-me dez minutos na praia. Quando voltei a chave não entrava na porta, mas esta estava aberta. A minha mochila de estimação tinha desaparecido, com uma carta de condução internacional, um cartão de cidadão, um cartão multibanco e um de crédito, 52 dólares e 26 euros, o cartão para entrar na marina, as chaves do barco, um telemóvel novo, um bikini, um bronzeador e uma coisa muito querida que a minha mãe me deu antes de entrar no avião.

Chorei de raiva e de fome — ia almoçar de seguida —, voltei ao último sítio onde tinha parado para me certificar de não ter sido eu a perder as coisas (nem me ocorreu a fechadura forçada, as duas, aliás), e depois voltei ao barco para entregar o carro, cujo estrago não pude ainda pagar, e cancelar os cartões.

Quando contei a história a dois conterrâneos (o meu pai e o meu namorado), deram-me a resposta que menos queria ouvir: não devia ter deixado a mochila à vista. As pessoas trabalham, ganham dinheiro para pagar as suas coisas e são elas que são culpadas de serem roubadas. Lei de talião para estes delitos, ou pena de morte: se se executassem ladrões haveria decerto muito menos.

O dia, tão bonito — uma ilha é sempre uma ilha —, acabou prematuramente comigo a dormir para não me enervar. Recuperar documentos e, sobretudo, cartões multibanco quando vivo de porto em porto não será fácil.

Detesto Saint Martin.

1 comentário:

  1. A Igreja católica de há muito ensina: os tentadores serão castigados.

    Se dentro do carro tivesses deixado uma maçã, um qq Adão tê-lo-ia arrombado.A culpa é evidentemente tua. :P

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