Einstein inventou o espaço-tempo; alguém devia inventar o dinheiro-tempo: a perene relação que há entre a presença daquele e o acelerar deste; ou ao contrário entre a ausência de um e a paralisia do outro. A pousada é bonita, felizmente; mas não deixa de ser uma prisão. E não há prisões bonitas. Enquanto não chegar dinheiro a vida vai ser isto: um longo passeio de manhã, uma longa sesta à tarde e um interminável desespero à noite. Dizer que estou farto não exprime senão uma pequena parte da verdade (deve haver outros adjectivos, mas agora não me ocorrem).
Felizmente a minha filha, essa ilha, vem cá daqui a uma semana ou duas.
Hoje mudei de destino: não fui à AVEN. Em vez de virar à esquerda virei à direita e fui ao Shopping Tropical. No caminho passei pela Cave au Vin, onde C. tinha comprado as garrafas de Côtes du Rhône que bebemos a bordo do catamaran dele. Oitenta e quatro reais cada uma, quase quarenta euros é um exagero em qualquer parte do mundo. Aqui é obsceno. A loja tem tudo aquilo de que um novo-rico que sabe ler precisa: Pomerol, Moët et Chandon, etc. Não tem, infelizmente um catálogo - nem em linha nem impresso. Quem quiser lá ir comprar vinho tem de lá ir.
Os preços são aterradores, o vinho está guardado de pé, o serviço limita-se grosso modo a meia dúzia de meninas que sabem onde estão os vinhos portugueses, chilenos e franceses. E sabem - pelo menos uma delas sabe - explicar-me que um Quinta de Cabriz Grande Reserva custa para cima de cem euros, Allah u Aqbar. Não vi o ano, deve ser de antes da fundação.
Ao jantar falo com dois tipos que tenho visto ultimamente; "ou são pedófilos ou são marinheiros", pensei. São marinheiros. Trabalham numa draga que está parada há três semanas por causa de um problema de bomba de água e de papéis. Já não estão desesperados - de seis em seis semanas têm duas de férias, e só esperam o momento de ir um para a Bélgica, outro para a Croácia, as terras deles. Conheço a raça: débardeurs, barbas por fazer, dinheiro a mais para o aspecto. É uma grande empresa belga de dragagens - terá dinheiro para isso e muito mais.
Já eu fico a saber depois que me vou embora em breve. Uma boa notícia, finalmente. Falta saber quando, mas não deve ser muito mais do que um mês. Talvez menos. Allah u Aqbar, inch'Allah.
Felizmente a minha filha, essa ilha, vem cá daqui a uma semana ou duas.
Hoje mudei de destino: não fui à AVEN. Em vez de virar à esquerda virei à direita e fui ao Shopping Tropical. No caminho passei pela Cave au Vin, onde C. tinha comprado as garrafas de Côtes du Rhône que bebemos a bordo do catamaran dele. Oitenta e quatro reais cada uma, quase quarenta euros é um exagero em qualquer parte do mundo. Aqui é obsceno. A loja tem tudo aquilo de que um novo-rico que sabe ler precisa: Pomerol, Moët et Chandon, etc. Não tem, infelizmente um catálogo - nem em linha nem impresso. Quem quiser lá ir comprar vinho tem de lá ir.
Os preços são aterradores, o vinho está guardado de pé, o serviço limita-se grosso modo a meia dúzia de meninas que sabem onde estão os vinhos portugueses, chilenos e franceses. E sabem - pelo menos uma delas sabe - explicar-me que um Quinta de Cabriz Grande Reserva custa para cima de cem euros, Allah u Aqbar. Não vi o ano, deve ser de antes da fundação.
Ao jantar falo com dois tipos que tenho visto ultimamente; "ou são pedófilos ou são marinheiros", pensei. São marinheiros. Trabalham numa draga que está parada há três semanas por causa de um problema de bomba de água e de papéis. Já não estão desesperados - de seis em seis semanas têm duas de férias, e só esperam o momento de ir um para a Bélgica, outro para a Croácia, as terras deles. Conheço a raça: débardeurs, barbas por fazer, dinheiro a mais para o aspecto. É uma grande empresa belga de dragagens - terá dinheiro para isso e muito mais.
Já eu fico a saber depois que me vou embora em breve. Uma boa notícia, finalmente. Falta saber quando, mas não deve ser muito mais do que um mês. Talvez menos. Allah u Aqbar, inch'Allah.
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