Um dia calmo, quase feminino, a fazer jus à data: o carpinteiro que devia ter aparecido às oito da manhã veio às seis da tarde; uma ligeira discussão "doméstica"; a laminagem que continua como se o Luis Carlos viesse de outro planeta; e - o melhor - o princípio da embalagem do material todo para ir por estrada para São Luis. O primeiro sinal concreto, visível: coisas em caixas.
Não são as caixas de madeira que sonhara, demasiado caras, mas embalagens de fogões dos Armazéns Paraíba, uma espécie de department store que vende tudo, de bicicletas a computadores, de sapatos a chapéus (enfim, espero). Não lhes peço muito: que aguentem um dia de estrada, porque no estaleiro Bate Vento, a nossa próxima casa, haverá um canto para aquilo tudo.
É a quarta quinta feira que passo em Parnaíba (desta leva). Será a última?
Viajo pouco dentro da cidade; ando sempre pelos mesmos cantos e agora que não tenho bicicleta (já há algum tempo, por motivos de viagem do proprietário) ando de moto-táxi: pouco vejo, cheiro e sinto dela. Raramente me tenho sentido tão estrangeiro num sítio estranho.
(Encontrei o moto-táxi dos meus sonhos; só isso desmente a frase anterior. Tem uma moto grande e é pequeno, de modo vejo mais do que o anúncio do seu colete - não sei sequer de que é - ; anda depressa, sem ser perigoso; é fiável - pelo menos até agora.)
Parnaíba é uma cidade barrenta, como o rio que a a travessa e lhe dá nome (ou vice-versa, não sei). Pergunto-me o que dela me vai ficar na memória: estes fins de dia à beira rio? As caipirinhas sem açúcar da Arlaine? A lama do estaleiro? O estado de perpétua - e cansativa - defesa em que se vive aqui? Em África não me cansava tanto, não sei se por ser mais novo, se por ser diferente, a defesa. O risco é mais visível, mais presente, mais fácil de lidar, parece-me.
Ou se calhar estou, simplesmente e graças a Deus, a envelhecer.
......
O carpinteiro que não apareceu e depois apareceu chama-se Italiano. O que ia contactar, se Italiano não tivesse aparecido, Amigo. Percebem o que quero dizer quando falo de outro planeta?
Não são as caixas de madeira que sonhara, demasiado caras, mas embalagens de fogões dos Armazéns Paraíba, uma espécie de department store que vende tudo, de bicicletas a computadores, de sapatos a chapéus (enfim, espero). Não lhes peço muito: que aguentem um dia de estrada, porque no estaleiro Bate Vento, a nossa próxima casa, haverá um canto para aquilo tudo.
É a quarta quinta feira que passo em Parnaíba (desta leva). Será a última?
Viajo pouco dentro da cidade; ando sempre pelos mesmos cantos e agora que não tenho bicicleta (já há algum tempo, por motivos de viagem do proprietário) ando de moto-táxi: pouco vejo, cheiro e sinto dela. Raramente me tenho sentido tão estrangeiro num sítio estranho.
(Encontrei o moto-táxi dos meus sonhos; só isso desmente a frase anterior. Tem uma moto grande e é pequeno, de modo vejo mais do que o anúncio do seu colete - não sei sequer de que é - ; anda depressa, sem ser perigoso; é fiável - pelo menos até agora.)
Parnaíba é uma cidade barrenta, como o rio que a a travessa e lhe dá nome (ou vice-versa, não sei). Pergunto-me o que dela me vai ficar na memória: estes fins de dia à beira rio? As caipirinhas sem açúcar da Arlaine? A lama do estaleiro? O estado de perpétua - e cansativa - defesa em que se vive aqui? Em África não me cansava tanto, não sei se por ser mais novo, se por ser diferente, a defesa. O risco é mais visível, mais presente, mais fácil de lidar, parece-me.
Ou se calhar estou, simplesmente e graças a Deus, a envelhecer.
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O carpinteiro que não apareceu e depois apareceu chama-se Italiano. O que ia contactar, se Italiano não tivesse aparecido, Amigo. Percebem o que quero dizer quando falo de outro planeta?
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