À frente do Antiquari - ou seja, imediatamente por baixo da nossa casa - está o Café Lounge (cito) Mari-Lin.
A rua terá talvez três metros e meio de largura, mas parece que estão em dois planetas diferentes. O Mari-Lin é quadrado, no sentido literal e no do antigo calão, square, branco, limpo. Tem uma esplanada grande (enfim, o maior possível) com as mesas ao longo do muro que separa a rua de umas escadas; durante o dia protege-as com chapéus de sol grandes, beiges, quadrados (claro). A empregada é uma loira incaracterística (às vezes acontece) que anda muito direita, com os seios a abanar e a travessa por cima da cabeça, como se tivesse medo que chova e os seios fossem limpa-pára-brisas preventivos. A clientela é constituída na sua maioria por turistas; a minoria são casais square, grupos square; é raro haver uma pessoa só a uma mesa, e quando há é, terão adivinhado, square.
O Antiquari tem uma esplanada minúscula - duas mesas, às vezes três. As pessoas sentam-se nos degraus da escada (em Palma há muitas ruas que são, ou têm, escadas como Lisboa). Vêem em grupos grandes, em pares, sozinhas. Só ao meio dia, quando abre, há alguns turistas; depois a fauna local toma o local de assalto e a de fora senta-se nas mesas em frente, tristonha. Por dentro é castanho, escuro, vivo, pequeno.
Não sei se as mulheres do Antiquari são mais bonitas do que as do Mari-Lin. Os nomes prestar-se-iam a alguns interessantes jogos de palavras, se se quisesse. Desde que cheguei entrei duas vezes no vizinho de baixo - uma delas para ver se havia net, porque a que temos em casa é-nos fornecida, simpática e involuntariamente por ele. Ao Antiquari vou muitas vezes - como hoje, beber um Hierbas Tunel, bebida na qual estaria viciado, se fosse de vícios; ou pensar que a tristeza se dissolve melhor no degrau de umas escadas a olhar para tristes do que no meio dos tristes a olhar para gente como nós.
Ou ouvir Hildegarde von Bingen seguida pela Orchestra Baobab e pensar na quantidade de planetas que habitamos.
........
Às quartas o Antiquari organiza um Clube de Línguas: pessoas que falam uma determinada língua juntam-se com quem a quer aprender e passam uma hora ou duas, não vi bem, a conversar, contar histórias, trocar experiências ou expectativas.
A rua terá talvez três metros e meio de largura, mas parece que estão em dois planetas diferentes. O Mari-Lin é quadrado, no sentido literal e no do antigo calão, square, branco, limpo. Tem uma esplanada grande (enfim, o maior possível) com as mesas ao longo do muro que separa a rua de umas escadas; durante o dia protege-as com chapéus de sol grandes, beiges, quadrados (claro). A empregada é uma loira incaracterística (às vezes acontece) que anda muito direita, com os seios a abanar e a travessa por cima da cabeça, como se tivesse medo que chova e os seios fossem limpa-pára-brisas preventivos. A clientela é constituída na sua maioria por turistas; a minoria são casais square, grupos square; é raro haver uma pessoa só a uma mesa, e quando há é, terão adivinhado, square.
O Antiquari tem uma esplanada minúscula - duas mesas, às vezes três. As pessoas sentam-se nos degraus da escada (em Palma há muitas ruas que são, ou têm, escadas como Lisboa). Vêem em grupos grandes, em pares, sozinhas. Só ao meio dia, quando abre, há alguns turistas; depois a fauna local toma o local de assalto e a de fora senta-se nas mesas em frente, tristonha. Por dentro é castanho, escuro, vivo, pequeno.
Não sei se as mulheres do Antiquari são mais bonitas do que as do Mari-Lin. Os nomes prestar-se-iam a alguns interessantes jogos de palavras, se se quisesse. Desde que cheguei entrei duas vezes no vizinho de baixo - uma delas para ver se havia net, porque a que temos em casa é-nos fornecida, simpática e involuntariamente por ele. Ao Antiquari vou muitas vezes - como hoje, beber um Hierbas Tunel, bebida na qual estaria viciado, se fosse de vícios; ou pensar que a tristeza se dissolve melhor no degrau de umas escadas a olhar para tristes do que no meio dos tristes a olhar para gente como nós.
Ou ouvir Hildegarde von Bingen seguida pela Orchestra Baobab e pensar na quantidade de planetas que habitamos.
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Às quartas o Antiquari organiza um Clube de Línguas: pessoas que falam uma determinada língua juntam-se com quem a quer aprender e passam uma hora ou duas, não vi bem, a conversar, contar histórias, trocar experiências ou expectativas.
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