220912
Golfinhos na proa. Gosto de os ver porque estão a divertir-se como loucos. Dois deles lutam pela posição mais perto da roda de proa. A agilidade destes animais é impressionante. Que estão a divertir-se é um facto incontestável; mas a impressão é acentuada pela expressão: parece que estão a rir-se, embora isso seja pouco provável, pois nunca vi nenhum com ar sério. Mesmo quando estão visivelmente de passagem ou ocupados com outras coisas, como caçar (ou pescar? Não sei).
O serviço meteorológico espanhol é mais ou menos como o português, mas para pior. Nós ainda acertamos no tempo que fez ontem (apesar de eu nem sempre o reconhecer); eles nem isso. Vams com um levante força 3, tinham previsto poniente 4... O que eu não percebo é que continuam a difundir a previsão, que data de ontem à noite, como se nada fosse. Já me tinha apercebido disso durante a viagem do SOGNO, e agora confirma-se.
É meio dia e a habitual luta entre o nevoeiro e o sol está no auge. Espero que ganhe o sol, claro, mas devo reconhecer que gosto deste monocromatismo cinzento (ainda há um bocadinho de visibilidade, milha e meia, duas milhas).
A norte vê-se bem Tarifa, que estamos a passar; a sul nada: uma parede cinzenta com manchas de luz dispersas aqui e ali, cinzentas elas igualmente, se bem mais claras. Cinzento a bombordo, azul a estibordo - o cenário não é monocromático, é bicromático.
Gosto destes barcos de deslocamento pesado. Um gajo não tem a impressão de estar a gastar gasóleo para nada: 80 litros / hora para fazer 10 - 11 nós.
Não gosto de ouvir música quando estou de quarto; mas tanto A. como R. o fazem. Têm ambos um bom gosto surpreendente, pouco habitual nestas paragens. Escrevo estas linhas ao som de Muddy Waters (é o quarto de A.); R. deixa-me regularmente o computador, ou o iQualquercoisa. Vai de Cat Stevens a Jimi Hendrix, passando por tudo o que eu ouvia quando tinha a idade dele. Oiço cinco ou dez minutos e depois apago-o. Prefiro abrir a porta da ponte e ouvir o mar.
Enfim, não é bem o mar: é o diálogo do A. com o mar.
O levante cresce e o sol ganha, pouco a pouco, dificilmente, a batalha. Em breve a paisagem será monocromática e bitonal: o azul do céu e o do mar. Entro de quarto às quatro da tarde.Espero pelo almoço para ir dormir a sesta. Há pessoas que acham o mar monótono. Provavelmente são as mesmas que não acham a terra mortalmente aborrecida.
23-09-2012
Sobretudo se for Portimão, que nesta tarde de domingo chuvosa e triste é uma desolação. Salvam-na a simpatia e eficácia do pessoal da marina, os doces da Casa Inglesa e pouco mais.
Como a memória das melhores sardinhas da minha vida, comidas no Forte e Feio com o Júlio. Ou a da Ambassador Cup, talvez não a maior, mas de certeza a mais bonita e mais espectacular desgraça que cometi (estamos atracados no pontão onde fizemos o desenho dos barcos que participaram).
Autoretratos diversos.
Golfinhos na proa. Gosto de os ver porque estão a divertir-se como loucos. Dois deles lutam pela posição mais perto da roda de proa. A agilidade destes animais é impressionante. Que estão a divertir-se é um facto incontestável; mas a impressão é acentuada pela expressão: parece que estão a rir-se, embora isso seja pouco provável, pois nunca vi nenhum com ar sério. Mesmo quando estão visivelmente de passagem ou ocupados com outras coisas, como caçar (ou pescar? Não sei).
O serviço meteorológico espanhol é mais ou menos como o português, mas para pior. Nós ainda acertamos no tempo que fez ontem (apesar de eu nem sempre o reconhecer); eles nem isso. Vams com um levante força 3, tinham previsto poniente 4... O que eu não percebo é que continuam a difundir a previsão, que data de ontem à noite, como se nada fosse. Já me tinha apercebido disso durante a viagem do SOGNO, e agora confirma-se.
É meio dia e a habitual luta entre o nevoeiro e o sol está no auge. Espero que ganhe o sol, claro, mas devo reconhecer que gosto deste monocromatismo cinzento (ainda há um bocadinho de visibilidade, milha e meia, duas milhas).
A norte vê-se bem Tarifa, que estamos a passar; a sul nada: uma parede cinzenta com manchas de luz dispersas aqui e ali, cinzentas elas igualmente, se bem mais claras. Cinzento a bombordo, azul a estibordo - o cenário não é monocromático, é bicromático.
Gosto destes barcos de deslocamento pesado. Um gajo não tem a impressão de estar a gastar gasóleo para nada: 80 litros / hora para fazer 10 - 11 nós.
Não gosto de ouvir música quando estou de quarto; mas tanto A. como R. o fazem. Têm ambos um bom gosto surpreendente, pouco habitual nestas paragens. Escrevo estas linhas ao som de Muddy Waters (é o quarto de A.); R. deixa-me regularmente o computador, ou o iQualquercoisa. Vai de Cat Stevens a Jimi Hendrix, passando por tudo o que eu ouvia quando tinha a idade dele. Oiço cinco ou dez minutos e depois apago-o. Prefiro abrir a porta da ponte e ouvir o mar.
Enfim, não é bem o mar: é o diálogo do A. com o mar.
O levante cresce e o sol ganha, pouco a pouco, dificilmente, a batalha. Em breve a paisagem será monocromática e bitonal: o azul do céu e o do mar. Entro de quarto às quatro da tarde.Espero pelo almoço para ir dormir a sesta. Há pessoas que acham o mar monótono. Provavelmente são as mesmas que não acham a terra mortalmente aborrecida.
23-09-2012
Sobretudo se for Portimão, que nesta tarde de domingo chuvosa e triste é uma desolação. Salvam-na a simpatia e eficácia do pessoal da marina, os doces da Casa Inglesa e pouco mais.
Como a memória das melhores sardinhas da minha vida, comidas no Forte e Feio com o Júlio. Ou a da Ambassador Cup, talvez não a maior, mas de certeza a mais bonita e mais espectacular desgraça que cometi (estamos atracados no pontão onde fizemos o desenho dos barcos que participaram).
Autoretratos diversos.
Sem comentários:
Enviar um comentário